Em setembro de 2002, iniciei os preparativos para uma pequena sessão de fotos ali. Digo preparativos porque não era só chegar e fotografar. Havíam regras a serem seguidas, e que se não fossem observadas, poderiam resultar no término de minha existência terrena. Tive de obter previamente uma autorização por parte de uma determinada concessionária de transporte ferroviário. Depois disso, fui acompanhado por um segurança durante todo meu tempo na Marítima. Na verdade, a presença do segurança ao meu lado era uma espécie de salvo-conduto, servia como uma sinalização para os bem armados empresários do ramo de entorpecentes de que eu não era um policial a paisana mapeando o local. Do alto eles tinham visão privilegiada de todo o pátio, e um mal entendido poderia resultar em, digamos, alguns disparos.
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Aspecto das ruínas dos armazéns da Marítima em 2002, ao fundo o Morro da Providência.
Mesmo com tanta ferrugem, era possível ler a palavra "Central" estampada nas laterais da composição. Nas ruínas a sigla da Estrada de Ferro Central do Brasil e uma data, que suponho ser 1923, além de uma placa de patrimônio da RFFSA com o número 3201027.
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As telhas que cobriam os armazéns, importadas da França, estavam todas espatifadas e espalhadas pelo chão, e trazíam as inscrições "Grande Ecaille pour Toiture, Brevetés S.G.D.G., St Henry-Marseille, Roux-Frères".
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Seis anos depois, voltei a Marítima (no mesmo dia chuvoso em que fotografei Praia Formosa) onde o pátio abandonado deu lugar a uma vila olímpica da Prefeitura. As ruínas continuam lá, e as composições também. A entrada é franca e tirar foto alí já não tem mais tanto risco.
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Aspecto atual de um dos armazéns, onde o carro de passageiros ainda se encontra estacionado.

A composição parece esperar por passageiros que jamais virão.

Visão interna das ruínas.

Aspecto geral da composição ferroviária.

Visão interna de seu interior. Onde antes havíam passageiros, agora só entulho.