Eu sou Carlos Latuff, cartunista e fã ferroviário. O propósito desta página é compartilhar com os internautas uma seleção das melhores imagens produzidas durante minhas expedições ferroviárias. Os registros aqui publicados podem ser reproduzidos pelos interessados, com tanto que para fins não-comerciais de informação, citando a fonte (por gentileza). Sou também colaborador do sítio www.estacoesferroviarias.com.br, de autoria do pesquisador Ralph Mennucci Giesbrecht, a página mais completa da Internet sobre estações ferroviárias brasileiras.

domingo, 9 de agosto de 2009

De volta as Minas Gerais

Nesta quinta-feira, dia 6 de agosto, aterrissei em Belo Horizonte (MG) a convite da querida Heloisa Greco, do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, para participar de uma mesa redonda com o tema "Jornalistas, imprensa alternativa e a luta pela Anistia". O evento fez parte do Ciclo de Debates 30 anos da Luta pela Anistia Política no Brasil, cujas atividades seguem até o final de agosto (programação aqui: http://institutohelenagreco.blogspot.com/2009/07/30-anos-de-luta-pela-anistia-politica.html).

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Vista noturna da potentosa estação de Belo Horizonte, Minas Gerais.

E na sexta-feira, aproveitando estar na Capital das Alterosas, aproveitei para checar algumas estações perdidas, localizadas em Sabará, município pertencente a região metropolitana de Belo Horizonte, e que fazíam parte do antigo Ramal de Nova Era, da gloriosa Estrada de Ferro Central do Brasil.

- Siderúrgica (Estação) - Km 586,2
- Pompéu (Parada) - Km 589,5
- Mestre Caetano (Estação) - Km 592,2
- Valporto de Sá (Posto telegráfico) - Km 597,3

Acordei as 11 da manhã, perdi tempo pegando ônibus errado, e por isso comecei tarde minha expedição. A estação Siderúrgica ficava no interior da companhia Belgo Mineira (que atualmente se chama ArcelorMittal). A burocracia da empresa me impediu o acesso imediato as suas dependências, mas conversando com alguns ex-funcionarios, fui informado de que a estação já não existe mais. O trecho de Belo Horizonte até Siderúrgica está abandonado mas ainda dispõe de trilhos. Dalí em diante, por onde andei, tudo foi arrancado.

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Em Pompéu, por volta de 15 para as 4 da tarde, cheguei ao local onde antes havia uma parada com armazéns que serviam a Belgo Mineira. Nas suas fundações de pedra atualmente existe um bar, cujo proprietário e seu filho me passaram estas informações e um prognóstico nada animador. A caminhada até Mestre Caetano não seria tão longa, estimaram uns 20 minutos, mas para chegar a Valporto de Sá, teria de atravessar um riacho, cuja ponte metálica havia sido removida...

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...e um antigo túnel, o que levaria 1 hora ou mais!

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Eu não havia pesquisado a quilometragem das estações previamente, mas hoje posso dizer que de Pompéu a Valporto de Sá são 7,8 km, num total de 15,6 km de ida e volta. Uma distância que tive de percorrer em passo de marcha, porque a noite se aproximava com certa rapidez, e eu não queria ser pego pela escuridão naquele trecho, especialmente depois de um encontro que tive com 4 mulheres pelo caminho. Uma senhora, duas adolescentes e uma mulher que trazia uma vara de madeira com uma latinha na ponta. Perguntei a elas se estava muito longe a estação de Mestre Caetano. Me disseram que não. Já ao indagar sobre a distância até Valporto de Sá, se surpreenderam e me perguntaram "Voce vai até lá sozinho?", no que retruquei, "Sim, qual o problema? O que poderei encontrar pelo caminho? Algum assaltante?".

"Não, onça", vaticinou a senhora.

Ruínas da estação de Mestre Caetano.
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Ruínas da estação de Valporto de Sá.
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Não encontrei nenhuma besta-fera pela frente, felizmente, mas é claro que quando alguém da própria região te fala isso de olhos arregalados num lugar cercado de mato, é algo que faz a gente pensar e repensar. Na volta fui informado de que realmente alguns moradores afirmam ter visto os tais felinos passeando por lá, bem como cascavéis, corais e jararacas. No caminho ví muitas teias de caranguejeira pelo chão.

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Já era noite quando voltei ao bar em Pompéu e terminei a aventura saboreando uma porção de frango a passarinho e fritas. Percorri os 15 km em mais ou menos 3 horas. O leito da ferrovia, já sem trilhos ou dormentes (mas com muita brita em certos trechos), serve de trilha para jipeiros, motociclistas, escoteiros, caçadores, e talvez fãs ferroviários malucos, que não se importam em ter as pernas alvejadas por mosquitos e carrapatos para tirar fotos de estações ferroviárias em ruínas. Como eu.

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