Eu sou Carlos Latuff, cartunista e fã ferroviário. O propósito desta página é compartilhar com os internautas uma seleção das melhores imagens produzidas durante minhas expedições ferroviárias. Os registros aqui publicados podem ser reproduzidos pelos interessados, com tanto que para fins não-comerciais de informação, citando a fonte (por gentileza). Sou também colaborador do sítio www.estacoesferroviarias.com.br, de autoria do pesquisador Ralph Mennucci Giesbrecht, a página mais completa da Internet sobre estações ferroviárias brasileiras.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Memória Ferroviária: Seu André Francisco, Arcozelo (RJ)

No interior do estado do Rio, num lugar onde mora o silêncio, mora também um homem chamado André Francisco. Sua residência fica bem em frente aos trilhos do extinto ramal Alfredo Maia-Três Rios, da Estrada de Ferro Central do Brasil. A sombra de uma árvore frondosa, seu André relembra os tempos em que a ferrovia ainda respirava. Hoje já não passam mais trens pela ferrovia que seu André manteve por 28 anos com o suór do rosto e a força de seus braços. O velho ferroviário confessa sua vontade de ver o trem de volta.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Bons ventos vindos de Londrina!

Christian Steagall-Condé, arquiteto e fã ferroviário, nos traz boas notícias vindas do norte do Paraná.
Aproveite para visitar as páginas do Chris:
http://LondonCallingz.blogspot.com
http://Allfe.blogspot.com

MARIA FUMAÇA FOI ATRAÇÃO DURANTE ANOS NO PARQUE DA UVA E AGORA ESTÁ NA CIDADE DE LONDRINA

Patrícia Baptista - Jornal de Jundiaí

No dia 2 de março do ano passado, o JJ Regional publicou uma reportagem especial intitulada "A saga da Maria que quase virou fumaça", para contar que a locomotiva que ficava exposta como atração turística no Parque da Uva, em tempos mais antigos, e cujo destino ninguém da cidade conhecia, havia sido doada ao Museu Histórico de Londrina (PR). A reportagem também informava que havia um projeto para o restauro dela, mas sem data prevista.

Agora, o JJ Regional recebe a notícia de que, até 2010, a locomotiva estará restaurada e poderá ser visitada, na cidade paranaense. A nova informação foi dada pelo arquiteto Christian Steagall-Condé , arquiteto contratado pelo museu londrinense e que será responsável pelo restauro. "A Universidade Estadual de Londrina autorizou o traslado da locomotiva do campus, onde se encontrava estacionada e protegida, para uma doca seca com trilhos nos antigos galpões do IBC, o Instituto Brasileiro do Café", afirma. "No local, será dado início ao seu restauro superficial, para exibição estática, com entrega prevista para julho de 2010", completa.

O arquiteto defende o mínimo de intervenções físicas nas estruturas da locomotiva para permitir, inclusive, o seu restauro integral no futuro. "A idéia é trazer a Baldwin 840 de volta à vida, com caldeira, fornalha, areia, lenha e água, exatamente como foi fabricada, há exatos 99 anos, na cidade norte-americana de Philadelphia" , explica o arquiteto. Esse projeto maior, no entanto, terá que ficar para uma próxima etapa, já que será mais caro e demorado. "Vamos dar entrada nesse projeto de restauro completo, mas pleiteando algo para 2012", afirma.

Quando estiver concluída a primeira fase de restauro (chamado restauro cênico, para exibição estática, com caldeiras frias e fornalha apagada), a locomotiva ficará exposta no Museu Histórico de Londrina, que fica na sede da antiga Estação Ferroviária do município. "O trem estará aberto à visitação e engatado a dois raríssimos carros clássicos belgas feitos de madeira-de-lei brasileira, doados por Curitiba", diz o arquiteto. "O município de Londrina se compromete à manter os jundiaienses informados e atualizados sobre esse belo e raro patrimônio ferroviário, em agradecimento pela doação feita", acrescenta.

O achado - A reportagem publicada no ano passado demandou cerca de três semanas de trabalho pois, apesar de a locomotiva ter sido atração turística no Parque da Uva por muitos anos, não havia informação sobre seu paradeiro na cidade. O JJ Regional consultou, na época, os museus jundiaienses, a Prefeitura e pessoas que eram ou haviam sido ligadas à cultura da cidade. Até que um dia, o funcionário do museu da Companhia Paulista, Carlos Tonielo, lembrou que a relíquia havia sido levada para Campinas.

A reportagem, então, contatou a ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária), de Campinas, que não sabia dar informações, mas indicou o seu conselheiro, Ivo Arias, como fonte. Arias informou que a locomotiva havia sido levada a Londrina.

O Museu Histórico Cultural dessa cidade, no entanto, também não tinha certeza se a locomotiva era mesmo a de Jundiaí, mas enviou fotos que, posteriormente comparadas a informações obtidas por Carlos Tonielo (junto a seu amigo Evanir Barbosa), confirmaram que a relíquia jundiaiense estava no Paraná, aguardando os projetos para ganhar vida nova. De Jundiaí, ela foi retirada, no final da década de 90, principalmente pelo fato de ter virado, segundo a Prefeitura, "local usado por vândalos".


sábado, 21 de março de 2009

Mais memórias

A proposta inicial desse pequeno blog é dividir com os internautas imagens e relatos de minhas expedições por ferrovias brasileiras ativas e extintas. Para minha satisfação, nestes poucos meses de existência, esta página tem ido além disso. Tem trazido a tona boas lembranças, como no caso de Humberto Ferreira, que se emocionou ao ver as imagens que fiz da estação de Simplício, em Além Paraíba (MG).

(Clique na imagem para ampliar)

Aspecto da estação ferroviária de Simplício, em 13 de agosto de 2007

Assista o vídeo da expedição até Simplício


Para Humberto, a estação tem grande valor sentimental. "Meu pai e minha mãe, quantas vezes alí desembarcaram e embarcaram, fiquei emocionado!", conta ele. Seu pai, o Sr. Eurico Martins Ferreira, morava em Providência (MG), e sua mãe, Rita de Cássia Santos Martins Ferreira, na Fazenda Barra do Peixe, em Além Paraíba (MG). As cartas que trocavam eram endereçadas as estações das respectivas localidades. Diante desse encontro com o passado, Humberto Ferreira muito gentilmente resolveu dividir conosco envelopes de duas destas cartas.

(Clique nas imagens para ampliar)


Envelope datado de 23 (ou 28?) de março de 1933. A carta remetida a Sra. Rita de Cassia Santos Martins Ferreira, tem como endereço a estação ferroviária de Simplício, da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB).
(Frente)


(Verso)


Envelope datado de 24 de abril de 1935. A carta remetida ao Sr. Eurico Martins Ferreira, tem como endereço a estação ferroviária de Providência (MG), da Estrada de Ferro Leopoldina (EFL).
(Frente)


(Verso)

Humberto, sua emoção me contagiou. Obrigado por compartilhar parte de sua história comigo e com os internautas. Dedico esta postagem a voce e a seus queridos pais. E tambem a todos que guardam no coração memórias felizes de um tempo em que as estradas-de-ferro fazíam parte da vida das pessoas.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Por amor a ferrovia

Na manhã do dia 15 de março de 2009, uma pequena locomotiva diesel roda pelos trilhos da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, num trecho de pouco mais de 1 km, fazendo a alegria dos moradores do município fluminense de Miguel Pereira. O trenzinho é mantido por três homens obstinados: Luiz Octavio, Adail Silveira e Mario Santos, todos membros da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária (AFPF). Não cobram passagens dos visitantes e bancam do próprio bolso a manutenção do veículo. Tudo por amor a ferrovia.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Memória Ferroviária: Dona Ivone, Estação de Arcozelo (RJ)

Na quarta-feira passada, estive em Arcozelo, 1º Distrito de Paty do Alferes, interior do estado do Rio de Janeiro, para investigar duas paradas perdidas do ramal de Alfredo Maia-Três Rios, da extinta Estrada de Ferro Central do Brasil. Na estação de Arcozelo, conheci Dona Ivani dos Santos, que é mais conhecida por todos como Ivone. Bisneta de escrava, viúva de ferroviário, Dona Ivone reside com a família naquela estação há 38 anos. A ferrovia já não existe mais, porém dona Ivone, as portas dos oitenta anos, relembra com clareza os tempos em que a estrada-de-ferro funcionava a pleno vapor.



(Clique nas imagem para ampliar)

A estação de Arcozelo, em Paty do Alferes, interior do estado do Rio de Janeiro.


A antiga caixa d'água da estação, com a sigla da Estrada de Ferro Central do Brasil, datada de 10 de setembro de 1926.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Com a palavra, o leitor

O internauta paranaense Aroldo Ferraz Junior comenta sobre o artigo "Carcaças".

"Há alguns anos atrás, eu trabalhei na ferrovia em Curitiba, controlando a malha ferroviária do Centro-Oeste do estado. Em um certo momento, um trem atropelou um veículo parado em uma passagem de nível, próximo ao Porto de Paranaguá. Naquele momento não era o controle de minha mesa, mas abri o assunto informando que o maquinista teria condições de parar o trem naquele momento e naquele local. Houve prós e contras na discussão, mas fiquei pensando, muitos acidentes de trânsito são causados tambem por imprudência do motorista ou maquinista, principalmente pelo seu egocentro 'eu estou com a maior composição, você que esta errado, então sai da minha frente'. O pensamento aqui é que, apos acontecer o acidente, o subconsciente deve pesar e o sentimento de 'eu poderia ter feito algo para evitar o acidente' prevalece. Tudo isto por mostrar que independente do tamanho da composição, trem, carro ou caminhão, com treinamento podemos evitar não todos mas, se evitarmos um acidente, já estamos fazendo algo a mais."

Obrigado pela mensagem, Aroldo. Continue prestigiando este blog.

terça-feira, 3 de março de 2009

Deu na Tribuna de Minas de hoje

Os projetos "Impressões sobre o trem", desenvolvido no Museu Ferroviário de Juiz de Fora, e o Circuito Caminhos da Cultura, coordenado pela Dipac, vão integrar os anais do I Encontro Nacional de Educadores em Museus. A publicação reúne textos sobre ações bem sucedidas na área de patrimônio cultural e consideradas como referência para a política de museus.
Ambas as iniciativas, sob organização geral da Funalfa, têm como proposta democratizar o acesso a museus. A primeira proporcionou a deficientes visuais conhecer o acervo da ferrovia. Já o Circuito leva, anualmente, cerca de 2.400 alunos da rede pública a visitar as instituições culturais da cidade.


(Tribuna de Minas, Juiz de Fora, 03/03/09)

Obrigado pela informação, Sonja, a guerreira dos cabelos cor de fogo.