Eu sou Carlos Latuff, cartunista e fã ferroviário. O propósito desta página é compartilhar com os internautas uma seleção das melhores imagens produzidas durante minhas expedições ferroviárias. Os registros aqui publicados podem ser reproduzidos pelos interessados, com tanto que para fins não-comerciais de informação, citando a fonte (por gentileza). Sou também colaborador do sítio www.estacoesferroviarias.com.br, de autoria do pesquisador Ralph Mennucci Giesbrecht, a página mais completa da Internet sobre estações ferroviárias brasileiras.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Estações de Pedro Leopoldo e Wilson Lobato (MG)


Concluíndo minha rápida passagem pelo município mineiro de Pedro Leopoldo, numa manhã ensolarada de sábado, dia 8 de agosto, trago imagens de sua antiga estação ferroviária (Estrada de Ferro Central do Brasil, Linha D. Pedro II - Monte Azul, Km 648,0), muito bem cuidada pela prefeitura local. Estava fechada, não foi possível avaliar sua conservação interna, mas pela janela puder ver estantes com livros o que me leva a crer que a estação possa servir como biblioteca pública. O prédio faz parte de um conjunto arquitetônico ferroviário que inclui galpões (veja aqui e aqui).

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Seguindo de carro mais adiante (agradeço ao amigo Fabrício pela carona) temos um pátio onde se localiza a estação de Wilson Lobato, mais moderna, de linhas duras e objetivas, onde funciona um posto de controle de trens cargueiros de uma concessionária privada.

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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Primo rico, primo pobre (2)

Já conhecemos o primo rico, agora vamos ao primo pobre.

Continuando o passeio pelo pátio ferroviário de Pedro Leopoldo (MG), encontrei mais um galpão da extinta Estrada de Ferro Central do Brasil, que servia de carpintaria. As imagens falam por sí. Nada de reformas ou pinturas. Em seu interior, maquinário ainda com as plaquetas de patrimônio da Rede Ferroviária Federal S/A. Ao fundo, um quintal cheio de mato. Buracos foram feitos nas parede por onde passam canos d'água e um frasco de detergente indicam atividade recente. Enquanto inspecionava o local, um vigia que tira serviço na passagem de nível próximo ao galpão, equipado com rádio transmissor, se aproxima, o que demonstra que o prédio não está de todo abandonado, mas em péssimas condições de conservação. O trecho alí é operado pela Ferrovia Centro-Atlântica.

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EXTRA! EXTRA!

A jornalista Rafaela Tasca, de Maringá (PR), me envia este artigo do site Bondenews sobre o ressurgimento do trem de passageiros no norte Paranaense. Ao longo desses meus anos ouvindo histórias sobre revitalização ferroviária, eu sempre fico com o pé atrás com estes "projetos". Mas, um pouco de otimismo não faz mal nenhum. Mas só um pouco hein...

TREM PÉ VERMELHO PASSARÁ POR 13 CIDADES

Transporte de passageiros por ferrovia no norte do Paraná começa a virar realidade. Estudo de universidade aponta viabilidade técnica do projeto


Uma reunião realizada nesta quarta-feira (26) na Universidade Estadual de Maringá (UEM) reuniu diversas autoridades para discutir a viabilidade da reativação do trem de passageiros ligando Londrina a Maringá. A implantação do "trem pé-vermelho" para o transporte de passageiros, unindo Norte e Noroeste paranaense, já ligados por linha férrea, vai beneficiar os seguintes municípios: Ibiporã, Londrina, Cambé, Rolândia, Arapongas, Apucarana, Cambira, Jandaia do Sul, Mandaguari, Marialva, Sarandi, Maringá e Paiçandu.

Leia o artigo completo aqui: http://www.bonde.com.br/bonde.php?id_bonde=1-3-13-767-20090826

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Primo rico, primo pobre


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Numa bela manhã de sábado dia 8 de agosto, em rápida visita ao município mineiro de Pedro Leopoldo (cerca de 40km de Belo Horizonte), ví galpões da extinta Estrada de Ferro Central do Brasil, onde abandono e preservação se encontram num mesmo espaço físico.

Vamos inicialmente ao primo rico.

Um destes galpões, felizmente reformado e preservado, é atualmente uma propriedade particular que serve de salão de festas. Reproduzo aqui o texto da placa exposta em seu interior, que conta um pouco da história daquela construção.

"O espaço do Almoxarifado Eventos pertenceu à antiga Estação (sic) de Ferro Central do Brasil, inaugurada em 25/01/1922, de acordo com gravações encontradas no ambiente.




Sua antiga função era a de almoxarifado da Residência, que foi a inspiração do nome atual. Além disso, o espaço cumpria também a função de ferraria da antiga empresa, onde eram utilizadas fornalhas e bigornas para manutenção de todo o trecho pertencente a Pedro Leopoldo.





Na construção dos galpões foram importados vários produtos como telhas francesas, portas em pinho de riga portuguesas e trilhos alemães - estes datados de 1894, foram utilizados como pilares na antiga ocupação e mantidos na nova concepção do Almoxarifado Eventos. Isso faz parte da proposta de que a revitalização do espaço reaproveitasse diversos materiais aqui existentes, seja na estrutura da construção ou como peças de decoração.






As cores originais, após constatação em pesquisa através de raspagens, foram refeitas para a preservação do aspecto anterior. O objetivo é que o espaço trouxesse uma nova forma de convivência, porém, valorizando suas referências históricas, promovendo o patrimônio cultural de Pedro Leopoldo e da região."

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Tratores pra que te quero!


De Itápolis, cidade do interior paulista, me escreve o Lucas, que simpaticamente elogia o Ferrovias do Brasil, se apresenta como um "admirador das antigas ferrovias", porém o que ele gosta mesmo são...tratores! Eu já ouví falar de fãs de carros, ônibus, trens, navios, aviões, mas confesso que trator é a primeira vez! Lucas mantém um blog onde apresenta imagens e histórico de diversos modelos destas máquinas: http://www.tratoresantigos.blogspot.com/

Em homenagem ao Lucas e esse seu interesse peculiar, trago uma foto que fiz em 08 de dezembro de 2001 (quando eu ainda nem tinha máquina digital), do pátio de transbordo de bauxita em Barão de Angra, Paraíba do Sul (RJ). Tudo bem, não é exatamente um trator, não sou expert no assunto, mas imagino que a pá mecânica seja um parente próximo.
:)

Observação: o tom sépia é original da fotografia e não fruto de Photoshop.

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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Ralph Mennucci Giesbrecht


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Ralph,

Não me lembro exatamente quando foi meu primeiro contato contigo, mas já faz tempo. Deve ter sido início dos anos 2000, eu nem tinha câmera digital na época. Provavelmente começando a pesquisar na Internet sobre estações de trem, devo ter me deparado com sua página Estações Ferroviárias, que então se chamava Estações Ferroviárias do Estado de São Paulo. Foi aí que comecei a colaborar para com teu site, enviando fotos de minhas expedições ferroviárias.

Nunca privei de sua intimidade, nunca estive em sua casa, nem sequer poderia me considerar seu amigo no sentido clássico. Nos encontramos uma vez apenas, numa padoca na capital paulista, quando batemos um longo papo ao sabor de uma pizza. Vez por outra trocamos algum email, geralmente assuntos ligados a ferrovia.

Mas sabe Ralph, acabei de ver uma foto sua, datada de junho deste ano, quando se recuperava de uma delicada cirurgia cardíaca. Ter te visto nessa condição, mesmo que numa fotografia, me machucou. Mesmo. Fiquei triste de pronto, mas feliz em saber que voce já se encontra junto de seus familiares, recuperado. Apesar de saber tardiamente de sua intervenção cirúrgica, e de não ter te visitado (do que me arrependo terrivelmente), torço para que voce não tenhas mais que permanecer um minuto sequer em ambientes hospitalares. Torço para que tenhas uma vida feliz com sua família e amigos. E torço tambem para que continues com esse seu trabalho relevante e imprescindível de preservação da memória ferroviária, contando com a colaboração de tantos fãs ferroviários por este país.

Agora sim, posso dizer que me sinto seu amigo. Porque quando a gente se dói ao ver alguem em sofrimento, é porque se importa com a dor alheia, é porque quer bem a esta pessoa.

É porque lhe tem amizade.

Por isso, Ralph Mennucci Giesbrecht, te deixo aqui este desenho e um abraço fraterno.

Do seu amigo,

Carlos Latuff

domingo, 9 de agosto de 2009

De volta as Minas Gerais

Nesta quinta-feira, dia 6 de agosto, aterrissei em Belo Horizonte (MG) a convite da querida Heloisa Greco, do Instituto Helena Greco de Direitos Humanos e Cidadania, para participar de uma mesa redonda com o tema "Jornalistas, imprensa alternativa e a luta pela Anistia". O evento fez parte do Ciclo de Debates 30 anos da Luta pela Anistia Política no Brasil, cujas atividades seguem até o final de agosto (programação aqui: http://institutohelenagreco.blogspot.com/2009/07/30-anos-de-luta-pela-anistia-politica.html).

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Vista noturna da potentosa estação de Belo Horizonte, Minas Gerais.

E na sexta-feira, aproveitando estar na Capital das Alterosas, aproveitei para checar algumas estações perdidas, localizadas em Sabará, município pertencente a região metropolitana de Belo Horizonte, e que fazíam parte do antigo Ramal de Nova Era, da gloriosa Estrada de Ferro Central do Brasil.

- Siderúrgica (Estação) - Km 586,2
- Pompéu (Parada) - Km 589,5
- Mestre Caetano (Estação) - Km 592,2
- Valporto de Sá (Posto telegráfico) - Km 597,3

Acordei as 11 da manhã, perdi tempo pegando ônibus errado, e por isso comecei tarde minha expedição. A estação Siderúrgica ficava no interior da companhia Belgo Mineira (que atualmente se chama ArcelorMittal). A burocracia da empresa me impediu o acesso imediato as suas dependências, mas conversando com alguns ex-funcionarios, fui informado de que a estação já não existe mais. O trecho de Belo Horizonte até Siderúrgica está abandonado mas ainda dispõe de trilhos. Dalí em diante, por onde andei, tudo foi arrancado.

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Em Pompéu, por volta de 15 para as 4 da tarde, cheguei ao local onde antes havia uma parada com armazéns que serviam a Belgo Mineira. Nas suas fundações de pedra atualmente existe um bar, cujo proprietário e seu filho me passaram estas informações e um prognóstico nada animador. A caminhada até Mestre Caetano não seria tão longa, estimaram uns 20 minutos, mas para chegar a Valporto de Sá, teria de atravessar um riacho, cuja ponte metálica havia sido removida...

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...e um antigo túnel, o que levaria 1 hora ou mais!

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Eu não havia pesquisado a quilometragem das estações previamente, mas hoje posso dizer que de Pompéu a Valporto de Sá são 7,8 km, num total de 15,6 km de ida e volta. Uma distância que tive de percorrer em passo de marcha, porque a noite se aproximava com certa rapidez, e eu não queria ser pego pela escuridão naquele trecho, especialmente depois de um encontro que tive com 4 mulheres pelo caminho. Uma senhora, duas adolescentes e uma mulher que trazia uma vara de madeira com uma latinha na ponta. Perguntei a elas se estava muito longe a estação de Mestre Caetano. Me disseram que não. Já ao indagar sobre a distância até Valporto de Sá, se surpreenderam e me perguntaram "Voce vai até lá sozinho?", no que retruquei, "Sim, qual o problema? O que poderei encontrar pelo caminho? Algum assaltante?".

"Não, onça", vaticinou a senhora.

Ruínas da estação de Mestre Caetano.
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Ruínas da estação de Valporto de Sá.
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Não encontrei nenhuma besta-fera pela frente, felizmente, mas é claro que quando alguém da própria região te fala isso de olhos arregalados num lugar cercado de mato, é algo que faz a gente pensar e repensar. Na volta fui informado de que realmente alguns moradores afirmam ter visto os tais felinos passeando por lá, bem como cascavéis, corais e jararacas. No caminho ví muitas teias de caranguejeira pelo chão.

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Já era noite quando voltei ao bar em Pompéu e terminei a aventura saboreando uma porção de frango a passarinho e fritas. Percorri os 15 km em mais ou menos 3 horas. O leito da ferrovia, já sem trilhos ou dormentes (mas com muita brita em certos trechos), serve de trilha para jipeiros, motociclistas, escoteiros, caçadores, e talvez fãs ferroviários malucos, que não se importam em ter as pernas alvejadas por mosquitos e carrapatos para tirar fotos de estações ferroviárias em ruínas. Como eu.

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