Eu sou Carlos Latuff, cartunista e fã ferroviário. O propósito desta página é compartilhar com os internautas uma seleção das melhores imagens produzidas durante minhas expedições ferroviárias. Os registros aqui publicados podem ser reproduzidos pelos interessados, com tanto que para fins não-comerciais de informação, citando a fonte (por gentileza). Sou também colaborador do sítio www.estacoesferroviarias.com.br, de autoria do pesquisador Ralph Mennucci Giesbrecht, a página mais completa da Internet sobre estações ferroviárias brasileiras.

domingo, 3 de maio de 2009

Paradas ferroviárias de Caiapó e Tabõoes, Arcozelo (RJ)

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Manhã de sábado, dia 2 de maio de 2009, e mais uma vez ponho o pé na estrada rumo à zona rural de Arcozelo, em Paty do Alferes (RJ), para investigar duas paradas ferroviárias perdidas no tempo, pertencentes ao extinto ramal Alfredo Maia-Três Rios (EFCB): Tabõoes (Km 143,1) e Caiapó (Km 146,3). Saindo da estação de São Cristóvão até Engenho de Dentro, de lá mais ou menos 1 hora até Japeri, seguindo de ônibus por mais 1 hora até Arcozelo e adiante a bordo de uma van que me deixou no meio da rodovia onde uma placa indicava "Tabõoes". Só que a parada do mesmo nome estava BEM longe dalí. Mas por sorte, consegui uma abençoada carona num trator que me deixou em Caiapó. Daí era só caminhar uma distância de pouco mais de 3 km até a parada de Tabõoes. Fácil né?

Em se tratando de aventuras ferroviárias, fácil é uma palavra que não existe.

Era um trecho de serra, e mesmo sendo curto, a caminhada levou quase duas horas. Isso porque os trilhos foram praticamente engolidos pela vegetação. Pelo aspecto da linha, não passava ninguém por alí há tempos. Galhos, troncos caídos, deslizamento de terra, espinhos, touceiras de capim elefante com 2 metros de altura, porteiras de arame farpado de fazendas locais (só o gado transitava por alí, cheguei a encontrar alguns bovinos pelo caminho), fezes de boi, charcos de água parada (odeio isso).

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Felizmente o clima estava ameno. Sem as perneiras de couro, seria arriscado andar por alí, visto a imensa possibilidade de topar com animais peçonhetos pela frente. Como não tinha um terçado na mão, tive de abrir caminho com o próprio corpo. A caminhada era lenta, cada passo me forçava a suspender a perna pra não me enrolar nas plantas e cair. Havíam vãos semelhantes a pontilhões, encobertos pelo mato, um passo em falso e quem sabe conseguiria uma bela perna quebrada. Durante a caminhada, pude sintonizar em meu rádio portátil de ondas curtas um radioamador de Jaboticabal de nome Giroto (PY2GIR).

O vídeo a seguir dará aos internautas uma idéia aproximada das condições do trecho.



Na viagem de volta, a bordo de uma van, encontrei uma senhora, que puxando assunto comigo ao ver minhas calças rasgadas e sujas, me contou de suas lembranças de Tabõoes. Ela me disse que alí não paravam trens de passageiros, apenas o auto-de-linha dos operários da via permanente. Quando era criança, ela costumava ir até a parada levar almoço para seu pai, o Sr. Dário, que trabalhava na "socadora". Ela me contou também que tinha medo de andar por aquelas bandas por conta das cobras que frequentavam a região...

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Aspecto atual da parada Caiapó


Vista de outro ângulo


Aspecto atual da parada Tabõoes


Vista de outro ângulo

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