(Clique na imagem para ampliar)
Locomotiva de número 18 estacionada próximo a estação de Porto Velho.
A convite do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (CEBRASPO), passei 7 dias na companhia de lavradores nos acampamentos da Liga dos Camponeses Pobres, no interior do estado de Rondônia. No retorno para o Rio de Janeiro, não podia deixar de visitar, mesmo que rapidamente, o pátio da estação de Porto Velho, da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Porque viajar a Rondônia e não ver a ferrovia, é o mesmo que ir a Roma e não ver o papa.
(Clique na imagem para ampliar)
Aspecto atual do antigo edifício da administração da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Inaugurada em 1912, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi resultado do Tratado de Petrópolis, acordo entre Brasil e Bolívia que resolveu disputas territoriais na região onde se situa o estado do Acre. O Tratado previa, entre outras coisas, a construção pelo Brasil de um corredor ferroviário de 366 Km ligando Porto Velho a Guajará Mirim, para facilitar o escoamento da borracha boliviana e brasileira. Dos 21.817 operários, de várias nacionalidades, contratados para essa empreitada, 1522 perderam a vida na selva amazônica, vítimas de malária, tiro e flechada. O fim do ciclo da borracha selou o destino da ferrovia, cuja importância foi minguando ao longo de 5 décadas, até que em 25 de maio de 1966 o então presidente Castelo Branco deu o golpe de misericórdia, decretando a extinção da "Ferrovia do Diabo".
(Clique nas imagens para ampliar)
Aspecto atual da estação de Porto Velho.
Ruínas da usina de força.
Na minha rápida passagem pelo pátio de manobras da estação de Porto Velho encontrei diversas composições, a maioria sucateadas, algumas cobertas de vegetação.
(Clique na imagem para ampliar)
Ví também armazens, um girador de locomotivas, um galpão com peças, guindaste, ferragens, quase tudo abandonado. O lugar serve de playground para desocupados e drogaditos.
(Clique nas imagens para ampliar)
O pátio da estação encontra-se em obras, e num dos tapumes pude fotografar um graffiti que diz "Sobrinho corrupto destrói a E.F.M.M.", em alusão ao prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho. A palavra "Sobrinho" foi coberta com tinta branca, provavelmente por partidários do político.
(Clique na imagem para ampliar)
A princípio não ficou claro pra mim qual era exatamente o problema numa obra de revitalização desse importante patrimônio histórico. Mas pesquisando na Internet, me deparei com a página Defender - Defesa Civil do Patrimônio Histórico e a seguinte declaração da presidente da Associação de Preservação do Patrimônio Histórico do Estado de Rondônia e Amigos da Madeira-Mamoré (AMMA), Mayra Banchieri:
"O prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho ao invés de restaurar a E.F.M.M, está reformando. Restauração e reforma são coisas totalmente diferentes, pois, com a restauração se recupera as peças por especialistas, enquanto que na reforma se substitui peças antigas por outras novas, fato que vem acontecendo no pátio da ferrovia".
O artigo vai mais além. Traz o depoimento de José Augusto, delegado federal aposentado e defensor do patrimônio histórico de Rondônia:
"É muito grave o processo de descaracterização do centro histórico de Porto Velho, reconhecidamente o mais homogêneo conjunto arquitetônico de origem norte-americano, destruído pelo atual prefeito de Porto Velho, com aval de instituições de Estado como IPHAN e GRPU"
José afirma que até um vagão pertencente ao acervo ferroviário foi emprestado para escola de samba Grande Rio em 1997 pelo ex-governador e atual senador Waldir Raupp. O vagão teria sido transformado em atelier de luxo em Brasília. E conclui:
"Roberto Sobrinho deve sair da prefeitura de Porto Velho, algemado e mandado diretamente para o presídio Urso Branco como criminoso comum..."
A íntegra do artigo pode ser lida no seguinte endereço: http://www.defender.org.br/prefeito-de-porto-velho-e-destruidor-e-aloprado/
A segunda parte de minha visita pode ser vista aqui: http://ferroviasdobrasil.blogspot.com/2009/11/madeira-mamore-ferrovia-do-diabo-que.html
sábado, 24 de outubro de 2009
Madeira-Mamoré: A Ferrovia do Diabo que come o pão que o diabo amassou (Parte 1)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
olha bom o q vc diz mais o q eu qria saber é''Qual a importancia da ferrovia E.F.M.M. para rondonia, amazonas e para o brasil"
E.F.M.M. representa parte da história não só de Rondônia, mas de todo o pais... É imprescindível que, tenha que ser restaurada! Eu não vou pagar de professor explicando tudo, portanto leia um pouco mais sobre história contemporânea do Brasil e descubra a importância da Ferrovia Madeira-Mamoré!
Postar um comentário