(Clique na imagem para ampliar)
Cartaz exposto nas estações da Supervia. O que exatamente a empresa tem medo de mostrar?
O internauta Thiago Chaves me escreve com uma pergunta pra lá de pertinente, tanto assim que resolvi transformar a resposta em artigo.
"Caro Latuff, estava eu pesquisando algumas informações sobre as ferrovias do Estado do Rio de Janeiro, e achei o seu blog. Achei muito bom o seu trabalho! Gostaria de saber qual seria a sua posição com relação a administração da Supervia relacionando com a antiga Central do Brasil, e se há alguma intenção de revitalizar (um projeto do governo) antigos trechos.
Grato desde já!"
Prezado Thiago,
Sua pergunta me deu a oportunidade de expor publicamente minha opinião a respeito da Supervia e demais concessionárias.
Com a vigência do regime neoliberal no Brasil, o governo entregou por intermédio das privatizações, transportes, energia e comunicações à sanha das corporações nacionais e estrangeiras. Nesse festim capitalista, coube ao Estado o papel de garçom. As agências reguladoras, que deveriam fiscalizar as empresas, são tão eficientes quanto um avião sem asas. Deixamos de ser cidadãos (se é que já fomos algum dia) e nos tornamos consumidores. Os planos de saúde e os hospitais particulares, não importando qual seja sua enfermidade, vão examinar primeiro o seu bolso. As faculdades particulares praticamente regularizaram o "pagou, passou". Passageiros de ônibus, especialmente das periferias, sofrem com a falta de coletivos, horários irregulares, e são mal atendidos por motoristas e cobradores, que por sua vez são submetidos a péssimas condições de trabalho (em várias linhas atualmente, o motorista cumpre também a função de cobrador). Os empresários de ônibus se organizaram em verdadeiras máfias, que defendem seus interesses seja através de lobbies ou mesmo na bala!
O caso da Supervia não difere muito de outras concessionárias de transporte ferroviário. Trata-se de um consórcio formado por empresários para disputar os leilões de privatização que lotearam as ferrovias brasileiras no final dos anos 90. Exceto por algumas mudanças cosméticas, o estado de conservação de composições, estações e linhas administradas pela Supervia não difere tanto dos tempos da Rede Ferroviária Federal S/A, especialmente os trechos de Saracuruna e Belford Roxo. As composições modernas vindas da Coréia do Sul foram compradas com recursos do BNDES e entregues a Supervia pelo governo do Estado, que também subsidia a energia elétrica da empresa. Carros de passageiros foram decorados externamente com anúncios publicitários, a Central do Brasil tem seus espaços alugados a qualquer um que possa pagar, e a passagem de trem hoje é mais cara que a de um ônibus urbano. A ordem portanto é lucrar, de todas as maneiras possíveis.
Penso que saúde, educação e transporte devam ser atribuições de Estado. A iniciativa privada tem como objetivo o lucro, e pra mim é inconcebível a idéia de faturar com as necessidades básicas de uma população. Assim, acredito que a importância destes serviços públicos é grande demais para repousar nas mãos de empresários gananciosos. É o Estado, através de nossos impostos, que tem o dever de prover estes serviços essenciais com competência e responsabilidade.
Obrigado, e continue a prestigiar esse blog.
sábado, 4 de abril de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário